Passos Básicos Para o Estudo da Bíblia | #Bibliologia 029

Os estudos bíblicos [1] podem ser realizados de diversas formas, mas é essencial ter em mente alguns passos básicos. Nesta explicação, vamos abordar alguns passos fundamentais para a interpretação bíblica, tais como delimitar o trecho a ser estudado, definir o gênero literário do texto, dominar o contexto do livro bíblico, escolher a melhor tradução ou versão da Bíblia possível para a compreensão da obra, elaborar um glossário com palavras desconhecidas, pouco usadas em nosso dia a dia ou difíceis de explicar e, após chegar o mais próximo possível da intenção do texto, aplicar de forma apropriada em nossas vidas aquilo que foi estudado.


1. DELIMITAÇÃO[2]. Se você quer estudar um livro da Bíblia, leia o livro todo, sem se deter na separação em capítulos e versículos. Foque na divisão do livro por assuntos. As bíblias de estudo fazem assim e algumas outras bíblias fazem uso de cabeçalhos, a fim de orientar o leitor a se deter no assunto tratado, englobando todo o contexto do texto, em vez de isolá-lo.

Quando se lê um livro da Bíblia, muitas vezes é útil ler o livro inteiro em vez de apenas se concentrar em um ou dois versículos isolados. Por isso é útil ler todo o livro em vez de apenas alguns capítulos ou versículos selecionados. Isso pode ajudar a entender o significado mais amplo do texto.

Tomemos como exemplo muitas bíblias de estudo, as quais contêm recursos que ajudam o leitor a se concentrar nos assuntos principais do livro. Esses recursos incluem cabeçalhos, que são títulos em negrito que resumem os principais pontos de cada seção do texto, e notas de rodapé que explicam termos ou ideias que possam ser desconhecidos para o leitor.

Ao usar esses recursos e ler todo o livro, em vez de apenas alguns versículos, você pode ter uma compreensão mais completa do significado do texto e como ele se aplica à sua vida.

 

2. DEFINIÇÃO DO GÊNERO LITERÁRIO[3]. Para estudar um livro da Bíblia, é importante definir o gênero literário e estabelecer o modo de interpretar o referido gênero: poesia não deve ser interpretada como história, que não deve ser interpretada como profecia, e assim por diante.

Definir o gênero literário de um trecho bíblico é crucial para a correta interpretação do texto, já que cada gênero pode ter suas próprias convenções, estilos e formas de comunicação, exigindo uma abordagem específica na interpretação. Por exemplo, a poesia pode usar uma linguagem figurativa e ser interpretada de forma alegórica, enquanto a prosa é mais descritiva e deve ser interpretada de forma mais literal.

Cada gênero literário também tem seu próprio propósito e função dentro do contexto do livro ou da Escritura como um todo, e interpretá-los corretamente garante que a mensagem do texto seja compreendida adequadamente e aplicada dentro do seu contexto apropriado. Por isso, é importante identificar o gênero literário de um trecho bíblico para estabelecer a forma correta de interpretá-lo.

 

3. DOMÍNIO DO CONTEXTO DO LIVRO[4]. Com certeza, quanto mais domínio do contexto do livro a ser estudado, melhor! Busque informações a respeito do possível autor, dos possíveis destinatários, da possível data, do propósito da obra, da ocasião sugerida em que o texto fora redigido, da situação histórica refletida no texto. Isso vai aproximá-lo um pouco mais da intenção do texto ou da intenção do autor, que sempre será influenciada pela intenção do leitor.

Conhecer o contexto do livro bíblico é decisivo para buscar o entendimento da intenção do texto. Ao entender isso, obtemos uma compreensão mais profunda da perspectiva e das crenças do autor, bem como a situação histórica e cultural em que ele escreveu o texto. O que nos permite compreender a mensagem que o autor estava tentando transmitir e como ela pode ser interpretada pelo leitor do século 21. Portanto, estudar o contexto do livro bíblico é determinante para o domínio do seu contexto e para aplicar a mensagem correta em nossas próprias vidas.

 

4. ESCOLHA DA MELHOR TRADUÇÃO/VERSÃO[5]. É importante, também, considerar a tradução e a versão usada. Às vezes as diferenças entre as versões podem ajudar a considerar o uso de algumas palavras difíceis de entender. O mesmo vale para expressões não condizentes com a nossa época. A época e o lugar em que a referida tradução/versão foi publicada podem oferecer dicas a respeito da interpretação do tradutor.

Escolher a melhor tradução ou versão possível da Bíblia é importante porque diferentes versões podem ter diferenças significativas nas palavras e expressões usadas, bem como no contexto histórico e cultural em que as passagens foram escritas. As diferenças entre as traduções e versões da Bíblia podem ajudar a esclarecer a compreensão de palavras e expressões difíceis de entender porque cada tradução ou versão foi produzida por um grupo de tradutores ou revisores que fizeram escolhas diferentes de palavras e expressões para representar o significado original do texto em seu idioma alvo. Essas escolhas podem ser influenciadas por uma série de fatores, como o conhecimento dos idiomas originais, o contexto histórico e cultural em que a tradução foi feita e as crenças teológicas e linguísticas dos tradutores.

Portanto, a comparação de diferentes traduções e versões pode ajudar a revelar nuances do significado original que podem não ser óbvias em uma única tradução, permitindo uma compreensão mais precisa e completa da mensagem bíblica.

A escolha da melhor versão ou tradução da Bíblia possível está diretamente relacionada com o entendimento do contexto histórico e cultural em que as passagens foram escritas. Cada tradução ou versão da Bíblia pode ter diferenças significativas em relação às palavras e expressões usadas. Por isso, é importante considerar a tradução e versão da Bíblia que será usada para garantir uma interpretação mais precisa da mensagem original.

 

5. ELABORAR UM GLOSSÁRIO[6]. Marcar palavras desconhecidas ou pouco usadas em nosso dia a dia pode ajudar o estudante da Bíblia a descrever as palavras que não são tão fáceis de explicar. Isso permite que o estudante faça uma pesquisa mais aprofundada sobre essas palavras. Quando encontramos uma palavra desconhecida ou pouco comum, podemos sublinhá-la ou marcá-la e depois procurar em um dicionário ou outra fonte de referência para entender melhor o seu significado. Isso pode ajudar o estudante a entender o contexto em que a referida palavra foi usada na Bíblia e como ela foi usada em outros contextos históricos e culturais. Além disso, ao fazer isso repetidamente, o estudante pode acumular um vocabulário mais amplo e preciso que pode ajudá-lo a entender melhor a mensagem da Bíblia.

Este estudante da Bíblia pode escolher uma determinada palavra para analisar o significado dela dentro do Antigo e do Novo Testamento, comparando estes significados para a compreensão desta mesma palavra fora da Bíblia e nos dias de hoje. Ao escolher certa palavra desconhecida ou pouco usada para analisar em seu estudo, o estudante pode procura-la na concordância de sua versão da Bíblia para entender o contexto em que ela é usada.

Além disso, é importante investigar a palavra em dicionários e enciclopédias online ou em livros de referência para entender seu significado original, comparando este significado da palavra com seu uso nas Escrituras, a fim de entender como ela foi usada pelos autores e é usada atualmente, investigando a mesma em diferentes versões da Bíblia e em diferentes idiomas para entender como ela é usada em diferentes contextos.

Ao seguir essas etapas, o estudante da Bíblia pode desenvolver uma compreensão mais profunda e pode aplicar essa compreensão desenvolvida para entender como tal palavra é usada nos tempos bíblicos e nos dias de hoje, proporcionando assim um estudo mais completo e enriquecedor.

 

6. APLICAÇÃO[7]. Depois de todo este cuidado, o estudante da Bíblia possivelmente compreenderá o que o texto estudado recomenda aos leitores originais e o que podemos, em nosso tempo, extrair para o nosso dia a dia, respeitando o motivo que levou o autor a escrever tal texto. Até porque o autor pensava em seus leitores originais, mesmo que o texto seja aplicável a nós!

A aplicação do texto bíblico é essencial para o estudo da Bíblia. E para aplicar corretamente o texto bíblico ao viver diário, é necessário compreender o que o autor original pretendia comunicar ao público-alvo da época em que o livro foi produzido. Por isso, é importante considerar o contexto histórico, social e cultural em que a obra foi escrita.

No entanto, também é preciso lembrar que a aplicação do texto pode ser afetada pela distância temporal e cultural entre o autor e o leitor moderno. Por essa razão, é importante ter cuidado ao extrair lições e práticas para o nosso dia a dia, considerando como o texto se relaciona com nossa própria fé e vida, e como podemos aplicar suas lições em nosso próprio contexto cultural. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que o estudante da Bíblia está lidando com um texto antigo e que a compreensão e a aplicação do texto podem ser afetadas pela distância temporal e cultural entre o autor e o leitor moderno.

Devido a isso, é necessário ter cuidado ao extrair lições e práticas para o nosso dia a dia e considerar como o texto se relaciona com nossa própria fé e nossa própria vida, e como podemos aplicar suas lições em nossa própria cultura e contexto. É importante buscar uma compreensão tanto do texto em si como do contexto em que o texto foi escrito para uma aplicação responsável do texto bíblico em nossas vidas.

Em resumo, para uma aplicação adequada do texto, é necessário considerar tanto a audiência original do autor quanto o nosso próprio contexto atual.

Na explanação acima, foram apresentados os seis passos básicos para a interpretação bíblica. Foi destacado que é preciso fazer uma delimitação, lendo o livro inteiro e não apenas alguns versículos selecionados, além de definir o gênero literário e conhecer o contexto do livro bíblico. Também foi ressaltado a importância de escolher a melhor tradução ou versão da Bíblia possível e elaborar um glossário com palavras desconhecidas ou pouco usadas em nosso dia a dia, além das que não são tão fáceis de explicar. Com esses passos, é possível obter uma interpretação mais correta e aplicá-la de forma apropriada em nossas vidas.

Que possamos, assim, mergulhar nas Escrituras com a certeza de estar mais próximos da verdadeira intenção divina e colocar em prática seus ensinamentos em nosso dia a dia.


A Bíblia é a Palavra de Deus em LINGUAGEM humana. Mas, como entender textos escritos em épocas e regiões tão distantes?

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[1] HENRICHSEN, Walter A. Métodos de Estudo Bíblico. São Paulo: Mundo Cristão, 1997.

[2] Em vez de se deter apenas num determinado versículo, deve-se escolher uma ideia completa, a qual “pode comportar vários versículos ou até capítulos inteiros”. (cf. RIBEIRO, Jonas Celestino. Métodos de Estudo e de Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: Instituto Poimênica – Missão Evangélica Vida Plena, 2013, p. 16.).

[3] RIBEIRO, Jonas Celestino. Métodos de Estudo e de Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: Instituto Poimênica – Missão Evangélica Vida Plena, 2013, p. 51-62.

[4] HENRICHSEN, Walter A. Métodos de Estudo Bíblico. São Paulo: Mundo Cristão, 1997, pp. 64,65.

[5] Sabemos que há traduções e versões que são mais adequada para o leitor comum, enquanto outras possuem uma linguagem mais distante dos dias atuais. Assim como há Bíblias que reproduzem melhor as ideias enquanto outras se detem na tradução das palavras. Para saber mais sobre tradução, versão, paráfrase e comentário, leia GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: Como a Bíblia Chegou Até Nós. São Paulo: Vida, 1997. pp. 183-185.

[6] Tenha em mãos um dicionário bíblico e um de língua portuguesa. Enquanto um lista as palavras bíblicas em ordem alfabética, explicando o significado de cada palavra, o outro explica o sentido destas palavras nos dias atuais. Para saber mais sobre ferramentas para o estudo bíblico, cf.: RIBEIRO, Jonas Celestino. Métodos de Estudo e de Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: Instituto Poimênica – Missão Evangélica Vida Plena, 2013, p. 7-9.

[7] Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. (Tiago 1.22).

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